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Renascimento e Yoga: reaprender a respirar é o caminho de mudança

Respiração, relaxamento e escolhas saudáveis possibilitam o verdadeiro bem estar


Por Agnes Lutterbach


O renascimento surgiu na década de 70, onde seu idealizador, o americano Leonard Orr, após passar por uma experiência onde teve a sensação de ter voltado ao ventre de sua mãe, que é o início da vida, teve um insight para que iniciasse pesquisas ao que chamou de Rebirthing (em português, renascimento). Para esse aprendizado, Leonard Orr aprendeu muito na Índia acerca de técnicas respiratórias que pudessem ser terapêuticas, em que a respiração circular, conectada e vibrante consegue vitalizar de maneira poderosa os sistemas cardiovascular, respiratório e imunológico, desbloqueando o fluxo de energia e também das emoções reprimidas capazes de adoecer o corpo e a mente.


Dentro do yoga, há a correlação entre frequência de respiração e frequência de pensamentos onde é exemplificado no Bhagavad Gita “Parece que dominar o coração ou a mente em suas inclinações e seus pensamentos, é tão difícil como reter um forte vento”. Isso fica claro quando meditamos, conforme a respiração se acalma e sua frequência é diminuída, a mente também desacelera e silencia sua agitação.


Isso também pode ser percebido na psicoterapia corporal, cujo autor, Wilhelm Reich, mostra que quanto maior é a respiração, maior será a experiência com os sentimentos e emoções.

Portanto, com um trabalho respiratório profundo, como é feito no renascimento, é possível ter uma livre e equilibrada circulação de energia vital, que vai proporcionar a expansão da consciência, gerando uma vida mais plena, saudável e feliz.


Com o renascimento, você buscará a experiência de sua primeira respiração e, nas palavras de seu autor


“O Rebirthing é um brinquedo espiritual; em 99% dos casos é um verdadeiro prazer viver a experiência do Rebirthing. Nessa experiência quando você sofre, é porque inconscientemente está se recusando a abandonar o sofrimento, porque ainda acredita que deve conservar o drama e a dor. O que purifica seu corpo e sua alma durante o Rebirthing é a energia vital, o Prana, o C´hi ou Ki que é ativado e circula nele. A energia o libera do estigma do traumatismo do nascimento e, consequentemente, de seus medos patológicos. Ele age transformando seu relacionamento mente-corpo-espírito. Renascer é aprender a reconhecer seu poder infinito e utilizá-lo com toda consciência, sabedoria e amor. A experiência do Rebirthing permite reconhecer sua criança divina, cuja alegria, vitalidade e poder são imensos!”




Aprender a respirar conscientemente com a própria respiração


A psicoterapeuta corporal Josie Zecchinelli teve a oportunidade de passar por uma sessão de renascimento que era conduzida pelo pai aos 18 anos e estava prestes a prestar o primeiro vestibular, a intensidade da experiência marcou muito, pois mexeu com o corpo, fazendo com que se sentisse totalmente relaxada assim que terminou essa sessão. A decisão de atuar na área, não demorou a surgir


“Ingressei na faculdade de psicologia aos 19 anos e durante este período inicial na universidade pude também viver várias experiências em grupos terapêuticos conduzidos por meu pai. Dentre todas as técnicas com as quais entrei em contato, o renascimento era realmente algo que mexia profundamente comigo, me intrigava, eu queria saber mais. Um dia meu pai me propôs montar um curso onde pudesse me ensinar tudo que ele havia aprendido. Eu fiquei muito animada com isso, ajudei na organização do curso, e foi uma formação em grupo, ao longo de seis meses, uma das vivências mais marcantes e profundas da minha vida, que me trouxe a clara conexão com o trabalho com o início da vida, caminho profissional que eu segui através da educação e psicologia perinatal e até hoje é parte fundamental de meu trabalho como psicoterapeuta”, conta.

Uma prática de respiração conectada, ou também conhecida como respiração circular, porque se conecta a inspiração com a expiração, eliminando a pausa fisiológica que existe em nossa respiração. Numa sessão de renascimento a prática acontece de uma forma prolongada, entre 40 a 60 minutos em média, e envolve aprender a respirar de forma consciente com própria respiração e aprender a integrar as sensações e vivências dentro dessa experiência. O renascimento pode ser feito por quase todas as pessoas


“Dependendo da maneira como a prática de respiração é conduzida, ela pode ser feita por praticamente qualquer pessoa. Há sempre a possibilidade de adaptar a prática a certas situações e condições físicas e psicológicas, mas para isso o conhecimento aprofundado sobre a prática e sobre o corpo, sobre a regulação da respiração e seus impactos e variações, é muito importante. Há situações em que a prática é contraindicada, como algumas condições físicas de adoecimento ou debilidade que envolva o sistema cardíaco, respiratório, circulatório, e também algumas contraindicações em situações de fragilidade psíquica, como em pessoas com diagnóstico de transtornos mentais que envolvam a possibilidade de surto ou de muita vulnerabilidade a uma desorganização psíquica. Muitas pessoas buscam o renascimento porque ouviram falar da possibilidade de tratar através desta prática de seus traumas de nascimento, pelo interesse de revivenciar o próprio nascimento ou porque querem experimentar as alterações de consciência que a respiração feita dessa forma proporciona e seus potenciais efeitos curativos”, destaca.




Há algumas escolas e formadores sim, e normalmente são cursos que apoiam tanto quem quer se aprofundar em suas experiências pessoais, quanto aprender a conduzir outras pessoas em processos terapêuticos. Há variações nos treinamentos e abordagens, conforme a bagagem de cada profissional. Alguns cursos acontecem em formato intensivo, e outros em formato extensivo, ao longo de finais de semana, durante alguns meses. É importante viver a experiência prática tanto de experimentar a condução de um facilitador, quanto de poder conduzir sob supervisão.


Costumo dizer que a nossa experiência pessoal nos guia na condução do outro, e também nossas limitações. Levamos o outro até onde fomos, ficamos em nossa zona de conforto ou em nossas projeções. Para uma boa formação em renascimento, a prática é fundamental, é importante passar por várias experiências de respiração, tanto em sessões individuais, quanto em grupo, e também se aprofundar no conhecimento teórico bem embasado sobre a respiração e sobre formas de conduzir o trabalho e seus impactos. Essa terapia proporciona grandes mudanças


“A prática da respiração conectada pode ser feita pelo nariz ou pela boca. Os efeitos podem variar um pouco dependendo da forma como a prática é conduzida. De forma geral, essa respiração proporciona acesso estados alterados de consciência, ou como diz Stanislav Grof, estados holotrópicos. Quando entramos nestes estados, estamos ativando mecanismos de autorregulação do corpo, em que podemos acessar e processar memórias e sensações armazenadas no corpo e sistema nervoso e que de alguma forma são transformadas neste processo.

Muitas pessoas percebem transformações em padrões de comportamento, de crenças, em percepção de si e de sua realidade, e modificações na própria saúde, com a prática regular. O nome renascimento ficou muito associado à ideia de reviver memórias de nascimento. É importante saber que há a possibilidade de acessar memórias muito primais de nossa vida, é relativamente comum que pessoas vivam episódios espontâneos de regressão a memórias intrauterinas ou de quando eram bebês. Esse período da nossa vida é registrado de forma muito sensorial, e de alguma forma essa experiência de alteração de consciência traz o acesso a estes conteúdos, o que não é algo que qualquer abordagem terapêutica consiga acessar.

Mas esse não é o objetivo principal do trabalho, e nem algo que é conduzido especificamente pelo facilitador. Se acontece, é de forma espontânea, trazido pela própria regulação do corpo de quem respira. O nome Renascimento veio muito mais pela sensação das pessoas que praticavam na época de Orr de sentirem tantas transformações, que era como se tivessem renascido em vida. Mas claro que a associação com as revivências de memórias primais também influenciou muito neste nome”, mostra a psicoterapeuta.




Dentro do renascimento, o yoga


O facilitador conhecido como quem descobriu essa prática e a difundiu pelo mundo foi Leonard Orr. Ele vivenciou experiências pessoais com banhos de imersão em agua quente que o levaram a perceber que havia um padrão respiratório que acontecia espontaneamente, a respiração conectada, e estava associada a uma serie de experiências regressivas e de alteração de consciência.


Ele passou a reproduzir este ritmo respiratório e a explorar variações dessa forma de respirar junto a um grupo de amigos, e juntos foram desenvolvendo, ao longo de anos, o que conhecemos como terapia de renascimento. De lá para cá outras formas de conduzir o processo foram surgindo, e também o próprio Orr passou por modificações na sua condução e abordagem.


Renascimento e yoga estão relacionados


“Leonard Orr dizia que em suas investigações e conexões espirituais descobriu que esta pratica de respiração era algo que já existia de forma milenar em diversos locais do oriente. Orr era um estudioso e praticante do yoga e trazia em sua condução muitas referências deste universo filosófico e prático. Seu mestre Babaji teve grande influência em sua construção da relação com o renascimento, e dizia que o renascimento era o novo yoga. Nos livros de Orr ele enfatiza a importância das práticas de purificação espiritual, e entende o renascimento como parte dessas práticas”, afirma.

O principal intuito do renascimento é aprender a respirar conscientemente com a própria respiração, e vivenciar profunda liberação de padrões emocionais. Também podemos experimentar estados meditativos e de êxtase com a respiração, o que é algo que vai além da ideia de uma técnica terapêutica. E há tipos diferentes


”Os nomes dado à mesma prática de respiração circular podem mudar conforme a abordagem de cada facilitador. As variações na pratica podem ser muitas. Podemos fazer a respiração estando imersos em água quente, numa piscina ou banheira (acompanhados de alguém facilitando), podemos fazer a sessão deitados ou sentados em um colchonete, podemos respirar em movimento, em dupla, utilizando conexão com outros elementos da natureza como a terra ou o fogo, há muitas formas de praticar, mas todas precisam passar por adequada segurança e em geral com um facilitador experiente junto para conduzir a sessão”, finaliza Josie.



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Pratique Yoga e fique bem!




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